sábado, 30 de julho de 2011

"Minino é o cão!"

Voltando do sítio do vovô, nas brenhas de Coelho Neto - MA, eis que surge uma menininha de calcinha rosa no meio da estrada de piçarra. Os cabelinhos cacheados no meio da cintura dão a ela aquele ar angelical de menina do interior. Ela segurava na mão alguma coisa que, no meio daquela poeira, não se sabia o que era, mas logo na frente iriamos descobrir. PÁ!!!! Era uma pedra na mão daquele DJUÁBO DE MININA RÉA MALINA, que tava só na emboscada pra tacar na gente o djuábo da pedra. Só que ela não contava com a nossa astúcia de parar pra conferir o estrago: ao abrir a porta, um olho arregalado de medo se borra todinho ao ver o bigode do meu pai. Ela sai correndo, nem vi se tava descalça ou não (espero que sim, porque correr na piçarra é ruim, mesti!!!!) e no meio do caminho parou pra olhar para trás. Como vi que ninguém ia atrás deste cão pra dar-lhe uma lição, me taquei atrás dela como quem corre atrás de num sei o quê! "MENINA, DJUÁBO, COOOOOOOOOOOOOOOORRE QUE EU VOU TE PEGAR!" Eu, morta de sedentária pós mudança pra Sampa, fui capengando com aquela menina mais ligeira do que eu. "COOOOORRE, SIÁ, PODE CORRER QUE EU VOU ATRÁS DE TI!" Ali era a verdadeira expressão do sebo nas canelas, porque ela corria!! De repente, ela DROBA numa entradinha e eu grito de novo "COOOOOORRE, DJUÁBO PRA TCHA CASA QUE EU VOU FALAR PRA TCHA MÃE O QUE TU FEZ!!!!" Quando procuro ela no meio daquela mata ladeando aquele caminho de terra, vejo o desespero da menina tentando abrir a porteira da casa de taipa e telhado de palha. Queria rir, mas me mantive no papel de carrasca e gritei: "AGORA EU TE PEEEEEGO, SIÁ! PODE CORRER QUE EU JÁ SEI ONDE TU MORA E VOU FALAR COM TCHA MÃE PRA ELA TE DAR UMA PISA!" Ouço gritos desesperados daquela criança que eu nunca tinha visto na vida e, por obra do destino, virou literalmente uma pedra no meu caminho. Apesar da raiva, eu estava me divertindo horrores vendo aquela menina aprender uma lição! A porteira da frente não abriu e ela correu pra trás da casa e fui logo seguindo ela. Como todo bom interior, os vizinhos todos já estavam na porta dando conta da vida alheia. Cheguei, bati palma esbaforada quase morrendo de tanto correr, apesar de na hora estar com tanta raiva que nem senti nada, comecei a falar do que aquela peste fez. Ela estava morrendo de chorar, desesperada, morrendo de medo de mim, no colo do pai, um senhor envelhecido pelo céu da seca, cara de homem trabalhador. Quando o vi, juro que me deu pena, pois certeza que um homem daquele, apesar de muito simples, tentava dar a melhor educação à sua filha (ou neta, vai saber). Mas mantive a força pra amedrontar aquela égua. "OLHE, ESSE CÃO TACOU UMA SENHORA PEDRA NO MEU CARRO, VIM AQUI AVISAR PRO SENHOR TOMAR UMA PROVIDÊNCIA ANTES QUE EU TOME!" Ele ficou calado sem entender nada daquela louca botando os bofes pra fora. Falei de novo, expliquei e aumentei um ponto como todo mundo que conta um conto: "OLHE, O CARRO AMASSOU FOI TODO E PODERIA TER É MATADO MINHA MÃE SE TIVESSE BATIDO NO VIDRO" (eu pra fazer drama sou a rainha!) "TU ACHA BONITO, MININA RÉA, TU TACAR PEDRA NO CARRO DOS OUTROS???? E SE FOSSE EU TACANDO PEDRA EM TI, NA TCHA MÃE E NA TCHA CASA?????" Lá se vai ela morrer de chorar de novo, olhando pro pai/avô pedindo clemência. Quis chorar, mas me contive pra não virar o jogo. No meio da sombra, perto do pote de água pra beber, daqueles que vem a caneca pra mergulhar dentro, uma moça mais jovem me interroga toda querendo ser dona da razão: "E O QUE TU QUER FAZER COM ELA, POSSO SABER?" respondi na lata que "EU NÃO TENHO QUE FAZER NADA, VOCÊS QUE TÊM QUE TOMAR DE CONTA DESSE CÃO PRA ELA NUM TACAR MAIS PEDRA EM CARRO NENHUM" A mulher não sabia onde enfiar a cara. Depois desse papo todo, meu namorado e meu pai, que estavam correndo atrás de mim depois que eu disparei com medo de que eu me descontrolasse com a criança, chegam na porta e viram meu diálogo na janela da casa e interviram, mas cautelosamente: "Olhe, cuide dessa menina pra ela não fazer mais uma coisa dessas, já pensou o gasto que eu vou ter mandando consertar esse carro? E se batesse no vidro, podia quebrar e cegar minha mulher. Tudo isso porque vocês não educaram essa menina..." Nessa hora, o senhor que estava lá dentro desapareceu, deve ter se enfiado dentro de um buraco pra só sair na hora de castigar a menina; a desaforada se calou diante da vergonha, e a criança foi pra barra da saia da mãe. Não ouvi se pediram desculpas, pois fui direto pro carro morrer de sorrir dessa história, na certeza de que essa menina próxima vez que vir um carro, vai se esconder pra não correr o risco de ser atentada. Aposto um litro de Guaraná Jesus como ela aprendeu a lição!

Essa história aconteceu comigo hoje e eu precisava contar pra vocês ;) Animada essas minhas férias, não? hahah O que está em caps lock leiam imaginando eu gritando, viu? :P

2 comentários:

Anônimo disse...

Mimijei de rir. KAKAKA.

:)

Camis disse...

Eu praticamente vi e ouvi tu gritando com a meniiiina! kkkkkkkkkkk Adorei!

Postar um comentário