quarta-feira, 18 de abril de 2012

Das coisas de SP: homem metido a garanhão


O homem em São Paulo dá em cima de todas as mulheres que passam  na rua. Quando eu digo todas, é sem exagero: todos os esteriótipos são contemplados com cantadas dos machos. Eu estou incluída no gênero, e logo sou vítima de tal ato.

Me considero atingida negativamente por não concordar com o abuso que é um homem ficar dando em cima sempre. Podem falar que eu sentiria falta se ninguém olhasse para mim na rua, porque eu realmente não me importo. Minha reação pode vir da herança comportamental que adquiri em Teresina, o habitat natural da espécie Homo piauiensis, que sua principal característica de acasalamento é não cortejar a fêmea em hipótese alguma, salvo raríssimas exceções. Por isso, sempre estranho quando um desconhecido me encara na rua, ou assobia, ou manifesta seus "elogios".

É desse jeito que acontece o ataque: da pior maneira possível. Já presenciei diversas delas, tanto sendo vítima ou vendo outras colegas serem cortejadas. Uma vez, cruzando a rua perto de casa para ir comer, um cara que já me avistava da outra calçada, falou baixinho ao passar por mim. "Gostosa", de uma forma tão ligeira que me fez demorar uns cinco segundos para decodificar o que raios ele tinha falado. Outra vez, um velho (o pior de todos os tipos), me viu passar e falou "nossa, assim você me mata!". E outra, um daqueles manos de boné, corrente e Nike falso nos pés soltou um "aí simmmm, heinnnn!" quando eu já estava de costas pra ele, encarando meu derrière e me deixando louca de ódio. 

Também há os que verbalizam esse tesão por estranhas aleatórias na rua apenas quando estas não podem ouvir, por estarem com os ouvidos ocupados por fones; ou os que apenas as esperam passar, localizados em pontos estratégicos como a esquina do metrô. "Dá para ficar apenas sentado e olhando os bundões e bundinhas das 'mina' que 'passa' aqui", devem pensar. Muitos perdem tempo nessa coisa, como o taxista malandro perto de casa. Outros, não menos piores, tentam ser educados dando "bom dia" para as transeuntes, porém exalando sextas intenções. Educação para com a presa me soa uma falta de vergonha na cara incrível.

Não sei o que passa na cabeça desses idiotas, como se uma mulher (com bom senso) fosse dar trela para essas merdas que eles falam. Nem piriguete dá mole! Cantada da pior qualidade, sem hora, nem lugar. Às vezes, quando tô de saco cheio, solto um "respeito é bom e eu gosto", ou "cala a boca se tem amor à vida", mas às vezes também me bate um medo de revidar, de tanto ver um monte de mulher ser assassinada por revidar uma ofensa do tipo, por se incomodar.

Essa ação é considerada estupro, coisa que descobri com toda a polêmica do Daniel com a Monique no BBB (tá vendo? Serve para alguma coisa...). O ato de estuprar uma mulher não envolve só a materialização do ato, inclui também palavras, atitudes carniceiras como essas. E realmente, me sinto extremamente ofendida quando isso acontece.

Não sou um pedaço de carne para me olharem salivando e lambendo os beiços, nem meu ouvido é penico para ouvir gente sibilando coisas sem noção. Pelo fim dessa cultura machista de ver a mulher como um bife desfilante no meio da rua! Um basta ao estupro cotidiano da mulher em São Paulo!
Vai cantar a Gaga, vai...

domingo, 1 de abril de 2012

O mês mais eterno de todos


Nunca tinha atentado para março. Um mês comum, daqueles que têm 31 dias. Às vezes, é Páscoa, outras é apenas o mês que antecede o feriado. É a volta às aulas, e muitas vezes, o começo do ano. Mas em especial, março de 2012 será, eternamente, o pior mês de toda minha vida.

Será lembrado porque foi o que mais demorou a passar... e olha que depois dos meus 15 anos, o tempo parece correr e nem me esperar! Mas março não. Não este... Talvez tenha demorado porque foi pós-Carnaval, após um mês mais curto. Epa! Não devia ter sido mais demorado que os anos anteriores: houve 29 dias no mês. Por causa de um não deveria ter feito tanta diferença.

Então, acho que o marco principal foi a quantidade de angústia para um mês só, apenas tive mais tempo para ficar me sufocando com tantos problemas e coisas para fazer. Alguns não cabe falar nesse blog, que agora meço minhas palavras ao colocar meus pensamentos aqui. Outros, já são velhos conhecidos dos meus dois ou três leitores do Siribolo. São as mesmas feridas que, ao começarem a sarar, os dedos malinas cutucam para tirar a casquinha, achando que já está curado. Jorra sangue das minhas preocupações, e ainda deixam marcas eternas, iguais àquelas que a gente ganha na infância, após teimar a mãe. A diferença é que o teimoso e o benfeitor são uma só pessoa.

Então, se essas feridas são eternas, março será eterno não pela quantidade de angústia ou de tempo disponível para meu deleite byroniano... e sim pelo aprendizado. A Teresa profissional cresceu, abriu o olho, sofreu, mas criou casquinha. Aliás, uma casca bem grossa. E assim vai engrossando uma a uma, após cada patada. A Teresa como pessoa vislumbrou a fase adulta de supetão, de repente, e teve 31 dias para se adaptar ao novo corpo e, pior, aos novos sentimentos. A cabeça expandiu que doeu. E como doeu... Porém hoje, dia primeiro, digo: pode vir abril que estou fortalecida. E não é mentira.